4.8.11

disculpar as saudades...


são leonardo da galafura



À proa dum navio de penedos
A navegar num doce mar de mosto,
Capitão no seu posto
De comando,
S. Leonardo vai sulcando
As ondas
Da eternidade,
Sem pressa de chegar ao seu destino.
Ancorado e feliz no cais humano,
É num antecipado desengano
Que ruma em direcção ao cais divino.
Lá não terá socalcos
Nem vinhedos
Na menina dos olhos deslumbrados;
Doiros desaguados
Serão charcos de luz
Envelhecida;
Rasos, todos os montes
Deixarão prolongar os horizontes
Até onde se extinga a cor da vida.
Por isso, é devagar que se aproxima
Da bem-aventurança.
É lentamente que o rabelo avança
Debaixo dos seus pés de marinheiro.
E cada hora a mais que gasta no caminho
É um sorvo a mais de cheiro
A terra e a rosmaninho!

Miguel Torga. São Leonardo de Galafura.

8 comentarios:

  1. Otra más para escribir. Y ¿quien te dobla la segunda voz? .
    No conocía a Torga.

    ResponderEliminar
  2. Me dobla un tal Pancho que anda de mudanza entre canción y canción

    ResponderEliminar
  3. Afinal...o Papa era o Miguel Torga...?
    Até que enfim, um português normal...!
    O simples facto de não ter desmerecido o poema, já faz da música uma obra de arte, também!
    Parabéns.

    (...e cumprimentos ao Papa)

    ResponderEliminar
  4. Da túa parte Jonas, só da túa...

    ResponderEliminar
  5. Mudança outra vez? Mira, quase como eu, que ando de lado a lado, como o Guadiana ou sabe-se lá o quê (como dizem os tugas).
    A cançom :-), para variar ;-)

    ResponderEliminar
  6. Estás à espera do Papa...ou de Godot?
    Esse Papa nunca mais chega?

    ResponderEliminar
  7. Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades... Qué traballeira, non?...

    Chegará Jonas, levo unha semana a estirar alfombras azuis

    ResponderEliminar
  8. Muda-se a pel. Un si mismo aparece en otro escenario y eso es muy emocionante y enriquecedor. Solo no hay que olvidar llevar siempre en la maleta los afectos recogidos en las sucesivas huertas. Eso protege.

    ResponderEliminar

                       De mi Banco de...              Para que no me olvi...              De Pancho Salmerón           ...